O padre Pio é um mestre de vida. Não fala à multidão, mas dá a cada pessoa a palavra apropriada de conselho, de orientação, de chamamento. Não se perde em longas dissertações, mas seu ensinamento é conciso, deixando ao interessado avaliá-lo, desenvolvê-lo ou tirar as conclusões. Ele aconselha, adverte, exorta, sugere, sem jamais assumir um tom doutoral. É sempre um grande educador, mas jamais se comporta como um professor.
Demonstra a seus filhos, mesmo sem dissertar, que a Eucaristia é a fonte da qual irrompem no mundo rios de vida sobrenatural; que é a maior dádiva de Deus sobre a terra; que Cristo renova a cada dia, na missa, o sacrifício da cruz; que os sacramentos e a liturgia são uma ininterrupta adoração a Deus.
No aconselhamento não há incerteza nem momentos de retrocesso ou de dúvida. Sua palavra é sempre precisa, inequívoca, taxativa, jamais vã. Às vezes pode parecer que algumas de suas palavras são jogadas ao acaso, mas, ao contrário, são dirigidas a alguns dos presentes, sem que os outros se dêem conta disso: apenas aquele a quem elas são endereçadas consegue captar o sentido completo.
Quantas vezes o padre se dirige com doçura a seus filhos transviados para chamá-los novamente a seus deveres cristãos; quantas vezes vê suas ovelhas seguirem as seduções do mundo, e ele, vigilante, com uma palavra firme e às vezes enérgica, incita-as a voltar ao Bom Pastor. Se, porém, percebe que alguns filhos do mundo se introduzem no aprisco, disfarçados de ovelhas, para levar a discórdia, com esses usa expressões duríssimas e sem discrição.
Adapta-se, como educador, às diferenças humanas, de raça, de condição social, de mentalidade e de temperamento. Conclama todos à observância da mensagem religiosa, mas respeita a individualidade moral de cada um. Quando convida uma pessoa de outra cultura religiosa a elevar-se, segue a regra muito sábia segundo a qual o Evangelho não destrói aquilo que nele existe de bom, de belo e de honesto, sem nada excluir, exceto o pecado e o erro.
Seus anátemas são apenas um convite para conservar a via mestra e evitar a pantanosa. Aproximando o herético ou o cismático, demonstra claramente não considerar o cisma ou a heresia como o reino do mal absoluto, do erro, da falsidade; mas manisfestar a convicção de que o Espírito Santo age também em outras confissões e religiões.
Quem não o viu conversar amavelmente com pessoas não-católicas e tratar com elas em cordial colóquio?
Com tal comportamento, ele faz compreender como Deus não exige o impossível e que a graça, que introduz a pessoa na ordem sobrenatural, não está por si só ligada aos sacramentos, dos quais a Igreja é depositária e conservadora: são as inspirações da graça que produzem seus frutos. Ele demonstra que podem fazer parte do rebanho de Cristo não apenas os católicos fiéis, mas também todos os cristãos e todos aqueles que crêem de boa-fé, os hebreus, os mulcumanos, os pagãos.
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