Maria Josefa La Porta, há três anos tivera uma doença inexplicável que transformara sua juventude num drama desesperador. Alucinada, olhar distante, choramingava sem parar, balançando desengonçadamente o corpo.
Vi Maria Josefa neste aflitivo estado – conta Siena – no corredor do convento. Estava encostada à parede, enquanto sua irmã soluçava em meio a um grupo de mulheres. Também se encontravam presentes o pai e duas tias.
Mas quem andava no limite da paciência era o taxista que trouxera a família para cá. Durante toda a viagem aguentara as contínuas lamúrias da moça, na esperança de um milagre. Mas este não aconteceu… Como é que iria agora enfrentar a longa viagem de volta, sem arriscar-se a ficar doido?
Entretanto, na igreja, o padre Pio, terminada a distribuição da Comunhão às nove horas, se retirava alguns minutos para o convento. Vendo aquela mocinha chorosa, lhe falou com firmeza:
– Será que precisa chorar tanto?
Logo seu rosto se desanuviou e, sorrindo afetuosamente, acrescentou:
– Vai em paz, filha!
E deu-lhe a benção, pousando a mão sobre sua cabeça. Nada mais…
Decepcionado, o motorista pediu à família La Porta que entrasse no táxi e … fim. Andava farto daquilo tudo. Estavam já a uns 25 quilômetros, quando estranharam um cheiro esquisito que inicialmente parecia de óleo queimado.
O motorista parou, abriu o capô. Nada de anormal. Mas o cheiro tornava-se cada vez mais forte. Todos se entreolhavam pasmos, quando um deles gritou:
– Não é óleo, é incenso. É cheiro de incenso. É o perfume do padre Pio!
No mesmo instante, a menina parou com sua choradeira, recuperou a consciência de si mesma e, feliz como uma princesa que desperta de um longo sono, começou a falar normalmente.
– De volta a San Giovanni! – comandou o pai.
Lá, na praça do convento, diante das mesmas pessoas que, pouco antes tinham visto a situação em que se encontrava a menina, La Porta, ébrio de entusiasmo e de reconhecimento, contou tintim por tintim o que acontecera.
Muitos grelavam os olhos de espanto, quase não podiam acreditar.
Tantas e tão desencontradas emoções, porém, levaram os nervos do motorista a uma pane. Sentindo-se cada vez mais tonto, precisou ser assentado numa cadeira, onde perdeu os sentidos, enquanto um padre o esbofeteava suavemente no rosto para o reanimar.

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